Um dos prêmios ofercidos na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), no ano passado, foi a participação no London International Youth Science Forum (LIYSF), uma verdadeira imersão científica e cultural que reúne jovens cientistas de diversos países.
A representante da Fundação Liberato foi Marlynn Pizatto (18 anos), aluna do Curso Técnico em Eletrotécnica. O evento aconteceu entre os dias 24 de julho e 07 de agosto e contou com a participação de estudantes de 16 a 21 anos de idade.
Confira um breve bate-papo que tivemos com ela logo após seu retorno ao Brasil:
Fale um pouco sobre o evento (estrutura, programação, intercâmbio com outros estudantes, alimentação, etc).
A London International Youth Science Forum é uma feira de ciências que tem seu diferencial em relação às outras. Nela, o objetivo principal não é a competição de projetos para ganhar prêmios, mas sim o contato direto com a ciência, através da proximidade com jovens cientistas do mundo inteiro, bem como cientistas renomados, em nível internacional, que conduziram palestras excepcionais sobre os principais tópicos da ciência moderna dos dias atuais.
A feira aconteceu em South Kensington – Londres, sediada no Imperial College London, e no Royal Geographical Society, possibilitando aos estudantes a escolha de assuntos dos quais se interessavam com palestrantes específicos. Dessa forma, todos tinham seus cronogramas planejados para todos os dias, iniciando no café da manhã e finalizando à noite, em que aconteciam atividades ou cerimônias tradicionais de cada país.
Além disso, alguns dias foram voltados à visitas em instituições e universidades renomadas da Inglaterra, como Cambridge e Oxford, nos permitindo acesso direto à laboratórios e museus que nos impressionaram muito.
Um dos dias da feira foi destinado à apresentação de projetos para os outros estudantes, visitantes e alguns juízes, que iriam escolher dez projetos de toda a feira para “vender seu projeto”, em três minutos, no palco principal do Royal Geographical Society, para todos os participantes. Esse foi o dia de mostrar meu projeto ao mundo e discutir sobre ele com inúmeras pessoas de diversos países.
Como foi participar de um evento que reuniu jovens cientistas de inúmeros países?
Primeiramente, saber que existem outros jovens ao redor do mundo que encontraram um problema para a sociedade ou mesmo uma dificuldade em alguma área específica e pensam, constantemente, em uma solução, é uma sensação única. Em segundo lugar, sair da minha bolha de conforto, “abrir” a mente para novas possibilidades e, mais ainda, discutir meu projeto com outras pessoas em minha segunda língua, o inglês, foi um desafio. Entretanto, um desafio que eu abracei e não deixei que me “travasse”, que me impedisse, e que bom que fiz isso, pois foi uma experiência única e memorável.
Qual o teu sentimento de estar lá representando a Mostratec, a Liberato, o Rio Grande do Sul e o Brasil?
Inicialmente, fiquei com medo. Fiquei nervosa, com medo de falhar e não conseguir fazer o que precisava, que era apresentar meu projeto em inglês. Viajar sozinha pela primeira vez e para fora do Brasil também foi um desafio. Depois, pensando bem, eu sabia que conseguiria, que iria ficar bem e que seria uma experiência incrível. E foi mesmo. Representar a Mostratec e, principalmente, a Liberato foi gratificante.
A Mostratec-Liberato proporciona oportunidades únicas para alguns finalistas. O que tem a dizer sobre isso?
Desde o início do curso de Eletrotécnica, soube que seria difícil manejar tudo que a escola nos pedia e demandava dos alunos. Já no meu 1° ano tive contato com a pesquisa e no 2° ano iniciei um projeto com um grupo de amigos. Nesse projeto, vi que gostava da pesquisa, gostava de encontrar uma solução para um problema da sociedade e sabia que queria fazer algo que fosse melhorar a capacidade de vida na Terra, seja na área da saúde ou na área de engenharia.
No final do 3° ano, estava em alta a energia renovável e, principalmente, dentro da escola, através de placas solares., Foi daí que surgiu meu projeto. Além de me interessar pelas placas, tive contato com a Marinha do Brasil, na Mostratec 2022, e meu professor orientador, com a mente sempre à frente e pensando “fora da caixa”, me deu a ideia de unir as duas coisas.
Assim, iniciei minha jornada de um ano no meu TCC, “vivendo” em laboratórios e escrevendo relatórios. Durante todo esse tempo eu não imaginava que chegaria tão longe, mas não porque o projeto não era bom e sim porque não via como chegar tão longe. A Mostratec me permitiu chegar longe, me deu as asas para voar para longe de casa e, mais que tudo, me deu a chance de mostrar ao mundo uma solução para o nosso planeta.
Deixa um recado para os alunos que fazem ou que ainda pretendem desenvolver projetos na escola:
Como eu disse antes, eu não imaginava que chegaria onde cheguei, mas nunca deixei isso me parar. Meu recado é que, por mais que algumas pessoas ou professores não dêem o devido apoio aos alunos e seus projetos, não desistam. Como meu orientador me disse e eu nunca esqueci: ninguém deve ou pode te dizer que você não consegue, se você acredita, você consegue. Não façam projetos pensando apenas em passar de ano ou de entregar algo para o professor, isso não leva ninguém a nada. Participem das feiras, sonhem alto, pensem em soluções “fora da caixa” e vão atrás delas. Acreditem no próprio potencial E o mais importante, nunca desistam.